Quanto custa meu rebanho?

Diretoria Técnica Nutroeste

09/12/2021

As tecnologias reprodutivas no setor de cria evoluíram significativamente nos últimos 10 anos, mas a gestão ainda não 
 
A variação de preços na pecuária, o aumento do custo de produção e as temperaturas baixas nos meses de julho provaram que 2021 foi desafiador para a atividade. Por isso, o pecuarista deve se atentar para o cenário de 2022 e, literalmente, fazer todas as contas para ter certeza do lucro ou prejuízo com os animais.
 
Dentro da pecuária de corte, um número que os produtores devem ter em mente é o preço do aluguel de cada vaca. A zootecnista Carolinne Mota explica que esse termo “aluguel” se trata do custo fixo da vaca dentro da propriedade, independente se ela está desmamando um bezerro ou não.
 
Segundo a zootecnista, é importante ressaltar que a vaca só paga esse aluguel se houver condições favoráveis para isso. Nesse caso, o proprietário precisa proporcionar alimento com volume e qualidade, água em perfeita condição, suplementação nutricional e um manejo racional durante o ano todo. 
 
Como fazer as contas
A conta deve ser feita utilizando quatro variáveis, como explica Carolinne que também é especialista em produção animal na Nutroeste. “Primeiro precisamos ter em mente o aluguel de pasto. O animal tem que pagar esse aluguel para seu dono, caso contrário, seria melhor arrendá-la para outro pecuarista”, diz. Segundo ela, na região Centro-Oeste esse valor gira em torno de R$ 50,00 por cabeça/mês.
 
Outro ponto importante é a mão de obra por cabeça. “O cálculo é feito pegando o valor da folha de pagamento anual com encargos e dividindo pelo número de cabeças do rebanho. Em uma fazenda de cria com 400 vacas, a mão de obra custa R$ 7,00 cabeça/mês, por exemplo”, ensina a especialista.
 
Por último, o pecuarista deve levar em consideração o gasto com vacinas e medicamentos, que em média, custa R$2,50 cabeça/mês, e os juros sobre a aplicação financeira. “Esse índice se trata dos juros que a vaca tem que pagar ao produtor pelo valor investido no custo dela; caso contrário, será melhor vendê-la e aplicar o dinheiro”, orienta a zootecnista.
 
Carolinne diz ainda que os especialistas costumam usar o menor juro do mercado que é o da poupança. “Por exemplo, se uma vaca que custa R$3.977,00, deve pagar um juro ao produtor de 0,44% ao mês, ou seja, R$ 17,50. Essa conta não é feita sobre os juros de aplicação da terra, já que a terra se valoriza e sozinha paga seu juros, mas a vaca não”, acrescenta. 
 
Afinal, quanto é esse aluguel?
A zootecnista fala que após fazer o levantamento das quatros variáveis, é possível chegar a um custo médio de cada animal. “O aluguel de uma vaca custa ao produtor R$ 924,00 por ano. Chegamos a esse valor sem levar em consideração os investimentos em suplementação e estratégias reprodutivas - monta natural ou protocolos de inseminação, que vai variar de acordo com a tecnificação da propriedade”, orienta a especialista.
 
Além de ter em mente o valor real desse aluguel, o pecuarista que é preparado deve observar também quanto vai custar a produção de um bezerro. “Essas informações podem até parecer desnecessárias para alguns, mas aqueles que fazem da pecuária um negócio e administram suas fazendas como uma empresa, sabem a importância de ter todos esses dados na ponta da caneta”, alerta a zootecnista.
 
Valor de cada bezerro desmamado
O intervalo entre partos ideal é de 12 meses, no Brasil a média é de 14 a 18 meses, como explica o médico veterinário Vicente França. Segundo ele, uma fazenda de médio padrão tem intervalos de parto de aproximadamente 14 meses. “Para sabermos a conta de quanto custa um bezerro é necessário fazer a soma do custo fixo, nutricional, protocolos reprodutivos de cada vaca por 14 meses”, ensina ela.
 
A disponibilidade e qualidade de alimento somada ao nível tecnológico da suplementação vão ditar a taxa de desmame da propriedade. “Atualmente, rebanhos com taxa de desmame de 60% produzem um bezerro médio por R$ 1.807,00, taxas de desmame de 75% bezerros a R$ 1.537,61 e taxas de desmame de 85% bezerros a 1.497,30”, explica o veterinário.
 
Para o pecuarista saber se vai lucrar ou não no final da atividade, basta usar como referência o intervalo entre partos na faixa de 14 a 18 meses. A eficiência reprodutiva deve oscilar entre 90 e 75 %, podendo ser considerado um limite para o máximo e mínimo, dentro de uma atividade de cria sustentável. “Exemplificando, é necessário ter 110 a 133 vacas para conseguir produzir 100 bezerros por ano. Mas para ter certeza desse número, o ideal é sempre procurar um especialista para orientar”, enfatiza Vicente.

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